Em reunião tensa e marcada por autoritarismo, Conarq adia convocação da II Cnarq
Ano VI – Edição 266
Estimado leitor, prezada leitora,
Nestes últimos cinco anos, temos abordado uma infinidade de temas de interesse da comunidade arquivística. Nosso norte é, sempre, o que é notícia no Brasil e no mundo da Arquivologia.
Nem sempre, contudo, nossas edições dão conta daquilo que é importante, mas não está no centro do debate. Descobertas de pesquisa acadêmica, por exemplo, muitas vezes ficam circunscritas a espaços limitados de divulgação. E isso não é bom para uma área que precisa, cada vez mais, de referências de qualidade.
Tendo em vista este cenário, temos uma novidade para você. A partir do próximo sábado, a cada dois meses, vamos publicar o Giro da Arquivo – Edição Especial. Nestas edições, trataremos somente de um único assunto. E vamos contar sempre com especialistas na matéria.
A ideia é aprofundar. Mas é também mostrar que a comunidade arquivística não para de produzir descobertas e reflexões absolutamente pertinentes sobre a realidade brasileira.
Curtiu? Então fique ligado em seu e-mail e em nossas redes sociais. Se você ainda não é nosso assinante, assine! Sábado que vem tem Giro da Arquivo – Edição Especial.
Saudações arquivísticas,
Em uma reunião confusa e marcada por inúmeros momentos de tensão, o plenário do Conselho Nacional de Arquivos voltou a discutir sobre a II Conferência Nacional de Arquivos, no último dia 21.
Originalmente, a reunião deliberaria, também, sobre a atualização dos instrumentos legais do Conarq e a respeito da “composição de uma comissão para formulação de articulação de Arquivos Estaduais” (tema incluído de última hora na pauta).
No entanto, as quase três horas de reunião foram dedicadas exclusivamente à II Cnarq. E não foram horas fáceis. Durante a reunião plenária, confirmaram-se os prognósticos publicados no Giro da Arquivo nas últimas semanas: o Comitê Impulsor da Conferência, estabelecido em julho de 2023 com a missão de preparar o projeto-piloto para o evento, não concluiu seus trabalhos. E o pior: ao invés de submeter o projeto-piloto da II Cnarq ao plenário do Conarq, para discussão, a presidente do Conselho, Ana Flávia Magalhães Pinto, tentou aprovar uma minuta de convocação da Conferência – documento de conteúdo desconhecido pelos conselheiros até então.
A apresentação da minuta foi contestada pelos conselheiros – incluindo os membros do Comitê Impulsor. Para parte do plenário, o documento deveria ter sido enviado com antecedência, para que todos pudessem analisar seu teor antes da reunião. Sob protestos veementes, contudo, a minuta foi apresentada. Ela estabelece que a II Cnarq terá como tema geral “Arquivos: agentes da cidadania e da democracia” e que ocorrerá em Brasília, entre os dias 12 e 15 de dezembro de 2024. Também propõe que o Arquivo Nacional será o coordenador do evento organizado pelo MGI.
A minuta dispõe, ainda, que a Cnarq terá uma Comissão Organizadora Nacional, composta por 21 representantes do Governo e da sociedade civil; e uma Comissão Executiva Nacional, composta por 7 integrantes. Pela proposta, os integrantes de ambas as comissões serão indicados pelo Arquivo Nacional.
Marcado por momentos constrangedores, o debate foi duro. Alguns conselheiros contestaram o fato de o Arquivo Nacional – e não o Conarq – figurar como coordenador do evento. Em mais de uma ocasião, a presidente do Conselho tentou atribuir aos conselheiros o atraso no andamento dos trabalhos da Cnarq. Também interrompeu o espaço de fala de praticamente todos aqueles que a contestaram. O sentimento de conselheiros ouvidos pelo Giro foi de que a presidente foi autoritária quando contestada a respeito da condução do processo de preparação para a Conferência.
Apesar do atropelo das propostas, ao fim, o plenário deliberou que a minuta apresentada deveria ter sido enviada antes e que, por isso, precisa de mais tempo para debatê-la. Uma nova reunião extraordinária do Conselho foi marcada para o próximo dia 13 de março com este intuito. Até lá, a comunidade arquivística – depreciada no limite do bom senso nos últimos meses – terá que se articular para que a II Conferência Nacional de Arquivos seja realmente representativa e democrática – e não apenas um retrato das vontades do governo e de seus representantes.
#SNGA2024
Esta mesa tem por objetivo refletir sobre os principais desafios da gestão de documentos no âmbito das instituições – arquivísticas ou não. O foco é instigar a reflexão a respeito das necessidades, dos obstáculos e das oportunidades que facilitam ou dificultam o desenvolvimento e a consolidação da governança arquivística sob o ponto de vista da gestão de documentos e dos arquivos.
BRASIL
Representantes do Arquivo Nacional e da UNESCO se reuniram no último dia 19 para discutir a recomposição do comitê do Brasil no programa Memória do Mundo. O MoW Brasil foi interrompido em 2019.
Faltam mais de 1,2 mil arquivistas na administração pública federal. Mas, enquanto isso, a direção do Arquivo Nacional resolveu encampar a luta para que o governo absorva novos historiadores. Na semana passada, a diretora do órgão se reuniu com representantes da Associação Nacional de História para discutir o assunto. Prioridades…
A Rede Arquifes, que congrega arquivistas e técnicos de arquivo de Instituições Federais de Ensino Superior, está convocando seus integrantes para se unirem aos seus GTs. As reuniões devem ocorrer na segunda semana de março.
O Campus de Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul vai criar um Centro de Memória sobre a região Oeste de Santa Catarina. O material que integrará o centro foi cedido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A notícia é interessante, mas cabe lembrar que – conforme a Lei de Arquivos – os documentos deveriam ser recolhidos pelo Arquivo Nacional.
O acervo de obras raras do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa) está sendo digitalizado. Os documentos pertenciam ao antigo Museu Botânico do Amazonas, criado em 1883.
Saiu a primeira prévia da programação da VIII Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (REPARQ), que vai acontecer em Vitória (ES), entre os dias 30 de julho e 02 de agosto. Confira!
E o Arquivo Público de Uberaba completou 36 anos no último dia 22. A instituição tem até aplicativo de celular para facilitar o agendamento de suas pesquisas.
#PABHomenageia
AGENDA
Hoje (15h): webinar gratuito sobre materiais para conservar coleções em papel.
05/03, em Florianópolis: Encontro sobre Arquivos Pessoais.
08/03, online: webinar Archivos desplazados y patrimonio compartido en America Latina.
11, 18, 25/03 e 01/03, no Rio: curso “O sabor do arquivo na era digital: gestão e crítica”.
15/03, em João Pessoa (PB): aula inaugural do PPGDARQ, intitulada “Governança arquivística: de noção emergente a campo de estudos da Arquivologia contemporânea”, a cargo de José Maria Jardim.
08 e 10/04, no Rio: Seminário Arquivos Pessoais e Sociedade.
20 e 24/05, em Campinas: II Jornada de Estudos em Arquivos – inscrições abertas!
OPORTUNIDADES
Estão abertos concursos para a Prefeitura Municipal de Guabiruba (SC), para o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, para a Prefeitura Municipal de Porto Ferreira (SP), para a Prefeitura Municipal de Uberaba (MG) e para o Poder Judiciário do Acre.
MUNDO
O catálogo completo da biblioteca de Charles Darwin foi digitalizado. O trabalho de investigação que redundou no produto final levou – pasmem – quase duas décadas.
O Archivo General de la Nación do México lançou seu repositório digital. Vale a pena conferir.
O site do Israel’s State Archive sofreu um ataque hacker e seu futuro é incerto. Especialistas dizem que não sabem se será possível recuperar tudo o que foi perdido. O ataque aconteceu há três meses.
O Congresso da Espanha se prepara para discutir, mais uma vez, a possibilidade de mudar sua lei de segredos oficiais. O dispositivo data de 1968 e até hoje não foi alterado.
O National Archives dos Estados Unidos vai facilitar o acesso a registros relacionados com a história de Porto Rico. A ideia é melhorar o trabalho de pesquisadores interessados na trajetória do país caribenho.
A Índia entregou a Omã 70 documentos de arquivo datados do período entre 1793 e 1953. Os documentos se referem à Península Arábica.
PARA LER COM CALMA
Hotel Califórnia: começa o julgamento pelos manuscritos dos Eagles (em espanhol, via Independent).
As cartas de Mama Antula, joias da primeira escritora argentina (em espanhol, via La Nación).
Dona Elzita incansável à procura do filho desaparecido na ditadura (via Memórias Reveladas).
PARA VER COM CALMA
Arquivo Público do DF guarda relíquias da criação de Brasília – Jornal da Vida (via RedeVida Informação).