Arquivo Nacional lança Biblioteca Digital com publicações fundamentais para a história da Arquivologia no Brasil
Ano VI – Edição 256
No último dia 21, o Arquivo Nacional lançou sua Biblioteca Digital, um repositório com mais de 500 publicações digitais e digitalizadas sobre a trajetória da instituição – e da própria Arquivologia brasileira. A iniciativa cumpre um dos objetivos estratégicos delineados para o triênio 2020-2023.
A BDAN foi lançada em um evento em homenagem à historiadora Maria Beatriz Nascimento, que dá nome à Biblioteca do AN. De acordo com o Arquivo Nacional, a nova base “é uma plataforma voltada para a preservação, indexação e acesso aos documentos bibliográficos digitais publicados e produzidos pela instituição”. Raissa Félix Meirelles, servidora bibliotecária lotada no AN, explicou que a BDAN tem por objetivo superar a dificuldade de recuperar atos normativos, publicações históricas e também a produção intelectual do órgão.
Em construção, a iniciativa reúne documentos essenciais para quem se debruça sobre a história da Arquivologia brasileira. Na BDAN, é possível encontrar textos basilares da trajetória da área, como o folheto “Arquivos público e o Arquivo Nacional: propostas para a definição de uma política nacional”, publicado no início dos anos 1980, por Celina Vargas do Amaral Peixoto, e o clássico relatório “A situação do Arquivo Nacional”, escrito por José Honório Rodrigues, em 1959.
Muitos documentos disponibilizados na BDAN ainda não haviam sido digitalizados e/ou tornados acessíveis remotamente pelo Arquivo Nacional. Com a iniciativa, agora é possível consultá-los sem a necessidade de ir à sede da instituição, no Rio. A ideia é que o novo repositório potencialize pesquisas sobre a atuação do AN e a Arquivologia como um todo.
Mais empolgada com o evento de justíssima homenagem a Maria Beatriz Nascimento do que com a entrega de um novo produto do Arquivo Nacional, a diretora-geral do órgão pouco falou sobre a BDAN em seu discurso. Em seu pronunciamento, a gestora fez questão de salientar que a BDAN é um “produto técnico” da instituição e que o desafio é fazer da iniciativa um espaço que reflita as diversas opiniões e demandas da população brasileira. Meses depois de assumir o posto mais importante da principal instituição arquivística brasileira, a diretora segue acreditando que a Arquivologia é iminentemente técnica.
Apesar do “esvaziamento arquivístico” vivido pelo AN nos últimos meses, a iniciativa evidenciada no lançamento da BDAN é digna de aplausos. Há tempos pesquisadores da área ansiavam por um repositório capaz de abrigar documentos que evidenciam os debates e ações em torno das políticas de arquivo no país.
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Com autoria de Karina Xavier Holstein, a pesquisa intitulada "Uma análise dos concursos públicos para Arquivista no Brasil" foi o trabalho vencedor da primeira edição do Prêmio da Reunião Brasileira de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (REPARQ) na categoria "melhor artigo proveniente de trabalho de conclusão de curso".
"Este trabalho propõe uma análise de diferentes aspectos relacionados às provas, visando a preencher a escassa literatura sobre o tema. Buscando identificar as relações entre os principais assuntos exigidos nas questões e o referencial teórico arquivístico, foi definido como objetivo geral a análise de todas as provas coletadas em base de dados específica durante determinado período. [...] Os dados demonstram que os tópicos não são cobrados com a mesma proporção uns dos outros e que certos assuntos importantes são negligenciados, ao mesmo tempo em que a citação de bibliografia é escassa. Os resultados indicaram que há concentração maior de concursos para Arquivista em regiões onde há curso de graduação na área." (Holstein, 2016, p. 5)
BRASIL
O Arquivo Nacional fechou no último dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, feriado no Rio de Janeiro. Só que, no final do dia, os servidores do órgão foram avisados de que deverão repor as horas não trabalhadas. A Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (ASSAN) cobrou publicamente a direção do órgão pela obrigatoriedade da reposição. De acordo com a entidade, “o órgão não abriu, então não existe a obrigação de compensação”. A ASSAN também acusou o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), ao qual o AN é vinculado, de adotar “postura racista” no caso.
Em virtude do grande número de inscritos, o cronograma do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa foi revisto.
A propósito: que fim terá levado o Prêmio Nacional de Arquivologia Maria Odila Fonseca, que não é realizado pelo AN desde 2021?
O Arquivo Histórico de Balneário Camboriú completa 30 anos amanhã. Para celebrar a data, uma exposição sobre a trajetória do órgão será lançada hoje.
O Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Advocacia-Geral da União (AGU) vão lançar o JurisRacial, um repositório jurídico digital destinado a compilar e a disponibilizar documentos jurídicos sobre a temática racial.
Agenda: a Associação Latino-Americana de Arquivos está com uma super agenda especial de fim de ano; no próximo dia 7 de dezembro, o Centro MariAntonia promove o evento “A presença de Ana Maria Camargo”; acontece nos dias 5 e 6 de dezembro, via Zoom, o workshop ABPA “Direitos autorais no audiovisual”; no dia 30 de novembro, o Arquivo Público do Estado de São Paulo promove o 28º Encontro Paulista sobre Gestão Documental e Acesso à Informação; amanhã, 29, ocorre o IV Seminário Acervos Digitais Culturais; e, hoje, no Rio, acontece a XXXIV Jornada Arquivística da UNIRIO; e, em Salvador, o mini-curso “Arquivos Pessoais”.
Oportunidades: estão abertas as inscrições para vaga de estagiário no Centro de Memória-Unicamp.
MUNDO
O Conselho Internacional de Arquivos lançou sua nova identidade visual. O novo logotipo da entidade, que lembra algo como uma animação de página Web em carregamento, comunica ainda menos sobre os arquivos e a Arquivologia que a marca anterior. Vai entender…
Argentina: um convênio entre a Universidad Nacional de La Plata e a Red de Archivos Históricos de la Província de Buenos Aires vai capacitar trabalhadores nas áreas de preservação de documentos.
Ainda na Argentina, o canal educativo Encuentro lançou a série Cautivos de la ciencia, que investiga o extermínio sistemático dos povos indígenas no país. A série usa farto material de arquivo.
O Congresso dos Estados Unidos vai discutir a abertura dos arquivos do país sobre a ditadura brasileira. Já não era sem tempo…
No Canadá, a iniciativa Canada Black Music Archives lançou seu “arquivo digital”, uma base com informações sobre a música negra produzida no país.
A UNESCO e o Centro Nacional de Artes Indira Gandhi lançaram um mapeamento dos arquivos da Índia, uma espécie de enciclopédia sobre os arquivos no país. Ao todo, foram identificadas 600 instituições.
PARA LER COM CALMA
Beth Carvalho, a 'favorita da Galeria D': Fotos encontradas em escombros do presídio da Frei Caneca mostram sambista em festa para presos; veja as imagens (via Extra).
Letra inédita de Caetano e Jards Macalé é descoberta no arquivo da Censura (via O Tempo).
Um mapa interativo de sinalizações de lugares de memória (em espanhol, via Tiempo Argentino).
É assim que a Polícia Civil do Rio está guardando o prédio histórico onde funcionou o centro de tortura do DOPS (via The Intercept Brasil).
PARA VER COM CALMA
Registros documentais do Arquivo Central/UFJF. Histórias e memórias negras em Juiz de Fora (via LaphArq).